sábado, 1 de setembro de 2012

Genoma de jovem denisovan revela misturas humanas ancestrais

Descoberta lança luz sobre a história da evolução de tribo do Sul da Sibéria, além da herança que deixou no DNA de populações espalhadas pelo planeta Quando saíram da África há cerca de 60 mil anos, os homens modernos (Homo sapiens) encontraram pelo caminho outras tribos de humanos arcaicos que já tinham migrado bem antes para a Europa e a Ásia. Até recentemente, os cientistas acreditavam que estes grupos pertenciam a uma espécie única, os neandertais, mas em 2010 análises de fragmentos de ossos e dentes revelaram a existência de pelo menos mais um outro grupo, os denisovans, referência ao nome da caverna nas Montanhas Altai, no Sul da Sibéria, onde eles foram encontrados. Agora, pesquisadores conseguiram sequenciar o genoma completo do indivíduo a quem os restos pertenciam, uma mulher jovem, lançando nova luz sobre a história do relacionamento entre nossos ancestrais e estas tribos arcaicas e a herança que elas deixaram no DNA de populações espalhadas pelo planeta. Segundo os cientistas, o genoma denisovan mostra que o grupo tem mais similaridade com os neandertais do que com os homens modernos, reforçando a hipótese de que ambas espécies se diferenciaram depois de um ancestral comum ter deixado a África entre 170 mil e 700 mil anos atrás, período em que descendentes deste mesmo ancestral que teriam continuado no continente acabaram evoluindo para o Homo sapiens. O sequenciamento confirmou que genes exclusivos dos denisovans estão presentes em algumas populações humanas atuais, particularmente nas ilhas da Oceania e do Pacífico, chegando a contribuir com algo entre 3% e 5% do DNA dos aborígenes de Austrália, Papua-Nova Guiné, Filipinas e Melanésia, numa prova de que integrantes do grupo conviveram e tiveram filhos com os humanos modernos que atravessaram a Ásia a caminho da região. Mistério ao sul do Saara Estudos anteriores já tinham demonstrado que este tipo de miscigenação ocorreu entre os homens modernos e os neandertais, deixando marcas no nosso DNA, algo como 2,5% dos genes de humanos de quase todos os continentes. A exceção são os povos atuais da África Subsaariana, que teriam 2% de seu genoma vindos de uma população arcaica ainda desconhecida. Mas graças ao parentesco mais próximo entre os neandertais e os denisovans, o sequenciamento do genoma da garota da caverna siberiana permitiu uma compreensão maior desta contribuição. Segundo os pesquisadores, os habitantes originais do Leste da Ásia e das Américas teriam um pouco mais de genes de neandertais do que os europeus. — Como sequenciamos o genoma denisovan com uma qualidade equivalente ao sequenciamento que fazemos de pessoas vivas, pudemos aprender muito mais sobre a história de nossa origem do que poderíamos de outra forma — afirmou David Reich, do Departamento de Genética da Escola de Medicina de Harvard e um dos autores do artigo sobre a descoberta, publicado na revista “Science”. — A primeira coisa que conseguimos foi confirmar o fluxo de genes entre humanos arcaicos e modernos. Está claro que o material genético denisovan compreende de 3% a 5% dos genomas dos povos aborígenes da Austrália, Nova Guiné, Filipinas e ilhas próximas, mas com este genoma também observamos melhor as contribuições dos neandertais para os humanos modernos. O detalhamento do genoma denisovan pode ajudar os cientistas a entender melhor por que os Homo sapiens sobrepujaram seus parentes, dominando o planeta. Segundo os pesquisadores, a comparação entre os dados genéticos de humanos modernos, neandertais, denisovans e chimpanzés, os primatas mais próximos de nós, revelou mais de 100 mil mutações de nucleotídeos (as letras do alfabeto do DNA) exclusivas dos Homo sapiens e ocorridas nos últimos 100 mil anos. Destas, oito afetam diretamente genes que se sabe estarem ligados ao desenvolvimento do sistema nervoso e do cérebro. — Estas mutações aconteceram muito recentemente na história humana e estão em todas pessoas vivas hoje, mostrando o capital acumulado por nós nos últimos passos da evolução do homem — comentou Svante Pääbo, do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária em Leipzig, na Alemanha e líder do estudo. — Embora, no momento, infelizmente, saibamos muito pouco sobre o genoma para dizer com certeza o que elas significam, sem dúvida estas alterações escondem verdadeiras mudanças que foram essenciais para possibilitar a história humana moderna, com o rápido desenvolvimento tecnológico e cultural que permitiu à nossa espécie se tornar tão numerosa, espalhar-se pelo mundo e dominar grande parte da biosfera. Assim, creio que uma das coisas mais fascinantes desta pesquisa será nos dizer no futuro o que nos fez tão especiais em comparação com os denisovans e os neandertais. Além disso, o sequenciamento do genoma denisovan forneceu as primeiras pistas sobre como deveria ser a aparência dos integrantes deste grupo. Os poucos fragmentos de ossos e dentes da caverna siberiana são os únicos registros fósseis conhecidos destes humanos arcaicos e, na falta de um esqueleto, ou mesmo de um crânio, completo, os pesquisadores puderam apenas verificar que a garota traz marcas genéticas hoje associadas com uma pele mais escura, com olhos e cabelos castanhos.Fonte Jornal O Globo/ Ciência_01_09_2012

domingo, 15 de julho de 2012

Desconstrução do Mito de Jesus Cristo

Leia a entrevista sobre o tema do Livro Onde a Religião Termina ? do Prof. Marcelo da Luz no link abaixo. http://www.ondeareligiaotermina.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=64&Itemid=68

quarta-feira, 2 de maio de 2012

NOSSO PRIMEIRO ANIVERSÁRIO

Hoje é um dia especial para este blog em seu aniversário de 1 ano. Atingimos 5 mil visitas. Para um blog que aborda dois temas muito polêmicos como Ateismo e Evolucionismo, essa visitação me deixa muito alegre. O Ateísmo mais do que rejeitado e discriminado de uma maneira geral, é também muito combatido, como uma pensamento do mal, na opinião de uma maioria esmagadora de dirigentes religiosos no Brasil e no mundo. O Evolucionismo até os dias de hoje não tem um destaque entre os temas mais importantes do nosso país. É tratado com total desleixo pelos governos e dirigentes da educação brasileira, que deveriam incluir a Origem das Espécies, a Seleção Natural e a Seleção Sexual de Charles Darwin, como matérias obrigatórias em todas as escolas públicas. Mais do que isso, que incentivassem o estudo da ciência mais primordial, a que estuda a vida. Não podemos privar nossas crianças do conhecimento da origem da vida. O Estado brasileiro deve se tornar um Estado verdadeiramente laico e não um Estado orientado pelas igrejas e sua lendas.

Cientistas britânicos querem ensino da evolução já no pré-primário

Cerca de 30 cientistas do Reino Unidos assinaram uma petição para que o governo introduza nas escolas públicas o ensino da teoria da evolução, de Charles Darwin (1809-1882), já no pré-primário, portanto a crianças de cinco anos. Entre os cientistas estão o biólogo e militante ateu Richard Dawkins, 70, e o naturalista David Frederick Attenborough, 85. Trata-se de uma reação às escolas que, influenciadas por religiosos, estão ensinando nas aulas de ciência o criacionismo como uma das alternativas do surgimento do universo. Ou seja, Deus criou tudo em seis dias, conforme diz a Bíblia. Para Dawkins, trata-se de um absurdo porque o criacionismo não tem nada de científico. Ele defendeu que a teoria da evolução passe a ser chamada apenas de “evolução” porque a palavra “teoria”, conforme exige o rigor científico, pode passar a falsa ideia ao senso comum de que se trata apenas de uma possibilidade. “A evolução está mais do que provada”, disse. Pela teoria de Darwin, todos os seres vivos são uma evolução de organismos primitivos que sofreram mutações genéticas aleatórias ao longo do tempo em um processo de seleção natural. O governo anterior já tinha aceitado introduzir no currículo escolar a evolução como matéria obrigatória, mas houve um recuo. Em artigo para o Times, Dawkins escreveu: "A evolução é uma explicação para a existência verdadeiramente satisfatória e completa. Eu acredito que ela possa ser ensinada a uma criança já a partir de seus primeiros anos escolares". Para ele, a evolução é mais simples de ser entendida pelas crianças do que os mitos. Grã-Bretanha corta subsídios de escolas que ensinam criacionismo Dawkins participou da campanha contra a intromissão religiosa O Departamento de Educação da Grã-Bretanha refez o texto do acordo que mantém com escolas livres para que aquelas que ensinam criacionismo nas aulas de ciência deixem de receber financiamento oficial. As escolas livres são administradas por seus fundadores (organizações e pessoas). Como não são obrigadas a adotar o currículo nacional, muitas delas estavam dando o criacionismo aos alunos como se fosse uma matéria científica. A maior parte dessas escolas está ligada a grupos religiosos. No ano passado, mais de 30 cientistas britânicos de renome enviaram ao governo uma petição para acabar com essa intromissão do proselitismo religioso no ensino científico. Entre eles estavam o biólogo Richard Dawkins (foto). Ele disse que, agora, é preciso haver fiscalização para que o novo acordo não seja burlado.

Ateísmo, um caso de polícia por Rafael Garcia, da Folha.com

Um dos fenômenos mais curiosos envolvendo religião aqui nos EUA, algo que se observa no mesmo grau no Brasil, é o preconceito que grande porcentagem da população religiosa nutre contra os ateus. Pesquisas de opinião indicam que 55% dos eleitores cristãos não votariam em alguém de seu partido que não acreditasse em Deus. Mais da metade dos americanos também não gostaria que seus filhos se casassem com pessoas atéias. Supor que quem não crê em Deus carece de moralidade não é uma invenção nova, mas a polarização ideológica do país parece estar exacerbando isso. O ateísmo militante, uma prática que também é menos comum no Brasil, parece ser a reação de um grupo de pessoas que vêm se sentindo acuadas. Quem não professa nenhuma fé religiosa acaba tendo que ir para a rua e fazer campanha para ser respeitado. Em março, ateus e agnósticos fizeram manifestação em Washington Acredito que o preconceito contra ateus seja um problema menor no Brasil, um país que já reelegeu Fernando Henrique Cardoso, candidato que em eleições anteriores se recusara a declarar sua crença (ou falta de). Nas duas eleições que venceu, contou com a decência de seu adversário Lula, que não apelou para acusações religiosas durante a campanha. Não imagino isso acontecendo aqui nos EUA, onde a desconfiança de cristãos contra ateus é até maior do que contra outras religiões. Na tentativa de entender a raiz desse preconceito na América do Norte, uma dupla de psicólogos fez um curioso experimento em Vancouver, no Canadá. (OK. O Canadá não é os EUA, mas o país possui uma pequena amostragem da cultura conservadora que os cientistas estavam estudando.) Ara Norenzayan e Will Gervais, da Universidade da Columbia Britânica, supõem que o preconceito contra os ateus surge da crença de que quem não teme a punição divina tende a agir de maneira egoísta e inconsequente. “Há muito tempo os ateus são alvo de desconfiança, em parte porque eles não acreditam que um Deus vigilante e julgador monitora seu comportamento”, dizem os pesquisadores. O experimento dos cientistas consistiu em dividir um grupo de pessoas que se declaravam cristãs em dois e exibir diferentes vídeos para cada um deles, antes de submetê-los a um questionário. Um dos grupos assistiu a um filme genérico sobre turismo em Vancouver, e o outro assistiu a um vídeo do chefe de polícia da cidade relatando a eficiência da corporação. Esse segundo vídeo, segundo os psicólogos, servia como uma mensagem subliminar para lembrar às pessoas de que a vigilância da autoridade policial também ajuda a fazer com que as pessoas andem na linha. Em outras palavras, o filme reforçava a idéia de que os ateus não temem a punição de Deus, mas devem temer a punição do Estado contra atitudes que prejudiquem outras pessoas. Após a exibição dos filmes, os voluntários respondiam a um questionário para dizer o quanto desconfiavam do comportamento de diversos grupos minoritários, incluindo ateus, gays, judeus e muçulmanos. O resultado foi o esperado pelos psicólogos: aqueles que tinham assistido ao vídeo do chefe de polícia eram menos inclinados a declarar a falta de confiança nos ateus. “Lembretes sobre a autoridade secular podem, então, reduzir a desconfiança dos teístas contra os ateus”, escreveram os psicólogos. “Tanto os governos quanto os deuses podem encorajar o comportamento pró-social.” Um dado curioso do estudo de Norenzayan e Gervais é que o preconceito contras judeus, muçulmanos e, sobretudo, contra os gays, não se atenuava após os vídeos. Isso reforça a interpretação dos autores sobre os resultados, pois a orientação sexual das pessoas não está sob controle do Estado. Achei o estudo interessante, mas não sei o quanto pode ser útil para combater esse preconceito nos Estados Unidos. Como ateu, acho incômodo pensar que uma pessoa só depositaria sua confiança em mim se eu estiver sob vigilância da polícia. Sei que não são todos os religiosos que pensam dessa maneira estúpida, mas é triste pensar que muitos ainda têm essa mentalidade retrógrada. Pessoalmente, tenho impressão de que o fanatismo religioso ignora um mecanismo psicológico muito mais fundamental. Quando fazemos mal a alguém, há algo que faz com que nos sintamos mal. Nós, ateus, sentimos culpa, remorso, tanto quanto qualquer outra pessoa deveria sentir. E deixar alguém feliz faz com que nos sintamos bem. Será que o preconceito contra o ateísmo diminuiria se os teístas fossem lembrados disso?

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Charles Darwin: Biografia,Evolucionismo e Seleção Natural

1. A Família Darwin Charles Darwin (1809 – 1882) nasceu em 12 de fevereiro de 1809, o quinto de seis irmãos, na família de um bem sucedido médico de interior. Seu avô paterno, Erasmus, uma figura muito respeitada embora algo controvertida, desfrutava da amizade de outra personalidade de grande destaque no século XVIII, Josiah Wedgwood I, fundador da Cerâmica Wedgwood. Esta amizade viu-se coroada com o casamento da filha mais velha de Wedgwood, Susannah, com Robert, filho de Erasmus Darwin. 2. Shrewsbury e Maer Apesar do interesse de ambos pelas plantas, as inclinações de Charles eram subestimadas pelo pai, que o considerava um fracasso acadêmico. Foi no seu segundo lar, junto de seu tio Josiah, em Maer, a vinte milhas de Shrewsbury, que Charles foi realmente feliz, tendo-se tornado o companheiro preferido de seus primos Wedgwood. 3. Escola e Universidade Charles cursou a Escola de Shrewsbury desde os nove anos, onde era freqüentemente rejeitado como o menino "que brinca com gases e outras porcarias". Aos dezesseis anos, esforçando-se para agradar ao pai, Charles iniciou os estudos de medicina na Universidade de Edinburgh e posteriormente, dedicou-se à Teologia, em Cambridge. Não estava porém destinado o ser médico ou pastor. Em ambas as universidades distinguiu-se sobretudo em ciências naturais, área em que nunca se matriculara oficialmente. 4. A Grande Oportunidade Depois de uma expedição geológica pelo Norte do País de Gales, Charles retornou ao lar, e encontrou à sua espera uma carta de John S. Henslow, professor de botânica em Cambridge. Nesta carta, Henslow informava-lhe que o havia recomendado como a pessoa mais qualificada que conhecia para o cargo de naturalista na expedição do ‘Beagle’, que se iniciaria proximamente. Esta chance única parecia estar perdida quando o pai se opôs ao plano. Dr. Darwin cedeu, contudo, ante a insistência do tio Josiah. E no dia 11 de setembro de 1831 Darwin foi pela primeira vez a Plymouth visitar o ‘Beagle’ e seu capitão, Robert FitzRoy. 5. A Viagem Apesar da natureza pacífica de sua missão, o retorno do ‘Beagle’ à Inglaterra com segurança não estava assegurado. O risco do encalhe nas águas costeiras pouco conhecidas da América do Sul era profundo. Em terra, o viajante corria o risco do levar um tiro ou ser esfaqueado pelos revolucionários ou pelos indígena;, rebeldes, duvido ao descontentamento político que pairava no ar, mais do que nunca, como rescaldo das guerras de independência. E o rigor da pesquisa exigia que o ‘Beagle’ velejasse por toda a extensão da costa sul-americana, retornando repetidamente aos mesmos portos. O projeto ofereceu a Darwin oportunidades para explorar, a pé ou a cavalo, sozinho ou na companhia de guias, algumas das regiões mais selvagens do mundo. Ele enviou vários engradados repletos de plantas, insetos, conchas, pedras e fósseis para a Inglaterra, e suas cartas para Henslow provocaram tanto interesse nos meios científicos que alguns extratos chegaram a ser publicados pela Sociedade Filosófica de Cambridge, em 1835. Darwin cita, em sua autobiografia, que sua coleção de fósseis também "despertou muita atenção entre paleontologistas". E quando recebeu notícia deste interesse, na Ilha de Ascenção, escalou as montanhas "aos pulos, e fiz as rochas vulcânicas ressoarem sob meu martelo geológico". 6. Brasil A exploração empreendida por Darwin no Brasil, de 28 de fevereiro a 5 de julho de 1832, foi uma das experiências mais felizes de sua viagem. Após seu primeiro dia na Bahia, em 29 de fevereiro, registrou suas impressões da seguinte forma: "prazer em si só, porém, é um termo fraco para expressar os sentimentos de um naturalista que, pela primeira vez, vagueia sozinho numa floresta brasileira." 8. Terra do Fogo No dia 28 de novembro de 1832, o ‘Beagle’ zarpou da Baía de San Blas para a Terra do Fogo, e em meados de dezembro já se encontrava próximo ao Cabo de São Sebastião, uma parte da Terra do Fogo desconhecida de todos que estavam a bordo. Após penetrar pelo famoso Estreito do Lo Maire, ancorou na Baía do Bom Sucesso. 9. Argentina e Uruguai Deixando as Ilhas Falkland em abril de 1833, o ‘Beagle’ rumou para o norte, em direção a Montevidéu e Maldonndo. Darwin permaneceu em lona por várias semanas. semanas, explorando a região do Maldonado e colecionando pássaros e animais. Dos registros em seu diário consta que "por alguns réis contratei todos os rapazes da cidade para meus serviços; e poucos são os dias que não me trazem alguma criatura curiosa". No dia 29 de junho embarcou novamente, com toda sua coleção. Deixando o Brasil, o ‘Beagle’ rumou para o sul, e pesquisou a costa oriental do continente por muiltos meses, aportando reiteradamente em Montevidéu e em Buenos Aires.-Darwin esperava impacientemente pela chegada a Bahia Blanca pois estava ansioso para explorar o território, recentemente conquistado, que servia de bastião fronteiriço contra os indígenas. 10. Terra do Fogo e Patagônia No dia 6 de dezembro de 1833, o ‘Beagle’ deixa o porto de Montevidéu, rumando novamente à Terra do Fogo via Port Desire e Port Famine. 11. Chile Em maio de 1834, o ‘Beagle’ toma o rumo do Estreito de Magalhães e o Canal de Madalena, descoberto havia pouco tempo. No dia 28 de junho ancorou ao largo do Cabo Turn, próximo ao Monte Sarmiento, e dois dias depois adentrou o Oceano Pacífico. O comandante FitzRoy tinha a intenção de velejar para Coquimbo, mas ventos contrários conduziram o ‘Beagle’ para a costa da ilha de Chiloé. 12. Os Andes No dia 23 de julho de 1834, o ‘Beagle’ aporta em Valparaíso. Enquanto os marujos se recuperavam e o navio era submetido a pequenos reparos, Darwin escalou sua primeira montanha no Chile, o Sino de Quillota. Este foi um prelúdio estimulante para suas expedições através dos Andes no ano seguinte. 13. O Arquipélago de Galápagos No período de 16 de setembro a 20 de outubro de 1835, Darwin explorou o arquipélago de Galápagos. Encontrou fauna e flora sem termo de comparação com outras regiões, e que variavam de ilha para ilha. "Nunca pudera imaginar que estas ilhas, distando entre si cinqüenta ou sessenta milhas, e a maioria visível das demais, formadas exatamente das. mesmas rochas, submetidas a um clima bem similar, com quase a mesma altitude, pudessem ser tão diferentemente povoadas 14. O Pacífico e a Australásia No dia 20 de outubro de 1835 o ‘Beagle’ tomou a direção de Taiti, iniciando o longo percurso de 3.200 milhas marítimas através do Pacífico. 15. Rumando para Casa O ‘Beagle’ aportou na Austrália pela última vez em King George’s Sound. Lá permaneceu até 14 de março de 1836, retido pelo mau tempo. Seu curso levou-o então para o Oceano Índico, de retorno à Europa. 16. O Problema das Espécies O período mais ativo da vida de Darwin na Inglaterra começou imediatamente após seu regresso da expedição do ‘Beagle’. Para ele, não havia nada de mais remoto do que a aposentadoria "numa pacata paróquia". Embora tivesse então vinte e poucos anos, tomou seu lugar entre os principais cientistas de sua época. 17. O Grande Debate O grande debate sobre a origem da vida foi iniciado pelos geólogos britânicos em meados do século XIX. Inevitavelmente, os conceitos de tempo foram alterados com os avanços nos conhecimentos. Enquanto Darwin encontrava-se a bordo o ‘Beagle’, grassava a controvérsia entre aqueles que tentavam reconciliar as descobertas geológicas com a Bíblia e aqueles que, liderados por Lyell, refutavam a interpretação literal das Sagradas Escrituras com base em evidências cientificas. O interesse do público foi despertado particularmente pelas dramáticas descobertas de fósseis de monstros pré-históricos na Europa e na América. Os fatos que deviam ser esclarecidos eram quando essas criaturas extraordinárias habitaram a Terra eporquê se extinguiram. 18. Casamento Ao debater consigo mesmo se deveria ou não casar-se, Darwin elaborou uma lista de prós e contras. Como solteiro, argüia, ele poderia perseguir suas pesquisas científicas sem o peso de preocupações domésticas. Mas os dons e encantos de sua prima Emma Wedgwood preponderaram sobre os contras, e a 29 de janeiro de 1839 celebrou-se o casamento de ambos. 19. Down House Em 1842, os Darwins mudaram-se para seu lar permanente, Down House, no povoado de Downe, condado de Kent. A alegria de Darwin teria sido completa não fosse a doença que o tornou semi-inválido para o resto de seus dias. Contudo, o entusiasmo pelo trabalho científico operava como um analgéstico, e Darwin desfrutava animadamente da companhia de seus familiares e amigos. Encontravam-se todos lá, segundo Hooker, "para discutir questões em qualquer ramo de conhecimento biológico ou físico". 20. Darwin e os Evolucionistas A especulação filosófica sobre a evolução data dos gregos antigos,, mas até o século XVIII era desprovida de bases científicas. Os principais evolucionistas da época, o avô de Darwin, Erasmus, além de Buffon e Lamarck, viam-se tolhidos pela insuficiência de evidências e devido à poderosa oposição que suas opiniões causavam. A essência da teoria do neto foi expressa por Erasmus Darwin em verso: First form minute, unseen by spheric glass,Move on the mud, or pierce the waterymass; These, as successive generations bloom, New powers acquire, and larger limbs assume. (Primeiras formas diminutas, invisíveis ao vidro esférico, Movem-se na lama, ou cortam a massa aquosa; Estas, com o florescer de sucessivas gerações, Adquirem poderes novos, e membros de maiores proporções.) 21. A Origem das Espécies Darwin não perdeu mais tempo com hesitações acadêmicas. Em julho de 1858 iniciou um trabalho para a Sociedade Linnean que veio a constituir A Origem das Espécies, publicado no ano seguinte por John Murray. Marcou história, expondo o mecanismo básico da evolução: a seleção natural. Darwin havia acumulado tantos fatos para fundamentar sua teoria que seus argumentos eram difíceis de refutar. Mas a implicação de que todos os seres vivos descendem de um ancestral comum insere o Homem no esquema evolutivo, dando início a uma das maiores controvérsias científicas, e cujos efeitos se fazer sentir até os nossos dias. 22. Últimos Anos Após a publicação de ,4 Origem das Espécies, Darwin aparentemente abandonou os estudos evolucionistas, dedicando-se à área menos controversa das plantas e minhocas. Na realidade, porém, continuou a acumular evidências para sua teoria na vida das plantas, acreditando que estas se prestavam mais adequadamente às suas experiências do que os animais. Em 1876 Darwin redigiu uma curta autobiografia, dedicada a seus filhos, em que registra suas atividades científicas. Suas investigações e experiências levaram-no a fazer muitas descobertas importantes, pelo que é hoje considerado como um dos pioneiros não apenas da teoria da evolução como também no campo da taxionomia dos percevejos, do comportamento animal, da genética, da fisiologia vegetal e da polinização ecológica. 23. Reconhecimento Darwin viveu o suficiente para ver sua teoria da evolução ganhar aceitação geral. É de Huxley a queixa irônica de que "será um mundo monótono. As idéias que os homens desprezavam há 25 anos logo serão ensinadas nos livros escolares". No dia 19 de abril de 1882 Darwin faleceu em Down, e foi sepultado próximo à tumba de Isaac Newton, na Abadia de Westminster. Huxley, Hooker e Wallace carregaram seu caixão. Sua maior realização foi ter lançado as bases da biologia moderna. Fonte: A British Council Exhibition

A Seleção Natural de Charles Darwin

O mecanismo de Seleção Natural, proposta por Charles Darwin, tem como princípio a adequação de uma característica sugestiva ao meio ambiente. A prevalência da característica torna-se favorável, à medida que, hereditariamente, são transmitidas para as gerações seguintes. Enquanto a sucessividade da característica benéfica se consolida na população como caráter padrão, transmitido de geração em geração, as características desfavoráveis de um organismo, cada vez menos frequente, não se perpetuam reprodutivamente. Atuando diretamente sobre o fenótipo, a Seleção Natural permite mais ênfase aos aspectos favoráveis, resultando em adaptação do mesmo. Assim, as variações bem sucedidas intensificam a sobrevivência do organismo portador, tornando-o mais apto reprodutivamente, podendo ocasionar o surgimento evolutivo de uma nova espécie. Um exemplo clássico que evidencia os efeitos da Seleção Natural é o aumento da população de mariposas (Biston betularia) com pigmentação melândrica (escura), após a metade do século XIX. Anterior a esse período, não era comum encontrar formas melândricas, as mariposas com pigmento branco acinzentado prevaleciam. No entanto, com o crescente desenvolvimento industrial, emissão de poluentes na atmosfera e impregnação de fuligem na vegetação, as mariposas escuras, quando no troco das árvores, passaram a ser menos observáveis pelos pássaros (predador natural das mariposas). Consequentemente, a situação se inverteu, as mariposas escuras passaram a predominar na população, escondendo-se melhor dos predadores, garantindo sobrevivência e reprodução. Sendo a cor das mariposas um fator hereditário dependente de um par de gene codificador de dois tipos fenotípicos: claro e escuro, atuou a Seleção Natural sobre a frequência da variedade sujeita às condições ambientais. Nesse caso, pode-se concluir que o processo de Seleção Natural, não necessariamente potencializa sua atuação de forma deletária, produzindo mudança genética, excluindo ou mantendo uma característica. Mas pode limitar uma variação fenotípica conforme a interferência do meio. Texto:Krukemberghe Fonseca Graduado em Biologia Equipe Brasil Escola

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

DANIEL CLEMENT DENNETT, Filósofo e Psicólogo americano

Entrevista ao Zero Hora.com de DANIEL CLEMENT DENNETT, Filósofo e Psicólogo americano Religião não é apenas um fenômeno acadêmico” Entrevista: Daniel Dennett, filósofo, autor de “Breaking the Spell” Publicado em 01/05/2010 Há clérigos que não acreditam em Deus? Essa pergunta, que poderia ter sido o ponto de partida de uma reportagem jornalística ou de um romance, serviu de mote para um artigo científico intituladoPreachers Who Are Not Believers (Pregadores que Não São Crentes) publicado na edição de março da revista americana Evolutionary Psichology. Um de seus autores, o filósofo e psicólogo Daniel Dennett, foi a campo entrevistar homens e mulheres que, depois de uma vida inteira dedicada a comunidades de fiéis, deram-se conta de que haviam perdido a fé. O texto revela as angústias desses pregadores que, apesar da descrença, não abandonam o púlpito. Filho de um agente de inteligência e de uma jornalista, Dennett é um dos expoentes do neoateísmo, corrente que, além de sustentar a não existência de Deus, recorre a instrumentos de comunicação de massa, como outdoors, para propagar suas ideias e promove uma crítica ácida de instituições como a Igreja Católica. O livro mais conhecido de Dennett é Darwin’s Dangerous Idea (A Ideia Perigosa de Darwin), inédito no Brasil, foi publicado em oito países e está prestes a ganhar versões em húngaro, japonês e chinês. Nesta entrevista, concedida por e-mail, ele explica suas ideias: Zero Hora – O ateísmo está se expandindo? Por quê? Daniel Dennett – Sim, está. Acredito que quatro livros surgidos num curto período de tempo – O Fim da Fé, de Sam Harris (Tinta da China, 2007), Deus, um Delírio, de Richard Dawkins (Companhia das Letras, 2007), Deus Não É Grande, de Christopher Hitchens (Ediouro, 2007), e meu livro, Breaking the Spell (Quebrando o Feitiço, inédito em português), encorajaram muitos ateístas a serem menos reticentes sobre suas opiniões. Isso também encorajou outros a repensar suas crenças. Duvido que muito mais pessoas tenham se tornado ateístas; penso que elas estão apenas admitindo que foram ateístas por anos. ZH – Um mês depois do 11 de Setembro, o romancista britânico Ian McEwan escreveu: “Dissabor com qualquer religião”. O revival ateísta é um efeito colateral do 11 de Setembro? Dennett – Duvido que o 11 de Setembro tenha muito a ver com isso, embora a resposta do governo George W. Bush ao 11 de Setembro tenha sido extremamente desordenada. Foram as insinuações de teocracia no governo Bush que me provocaram, por exemplo, a deixar de lado meus outros projetos e escrever meu livro. ZH – A religião é, em si, má? Dennett – Não, ou pelo menos apenas certa religião é má em si mesma. A maior parte é muito benigna, mas isso confere “coloração protetora” às variantes más, que, por serem religiões, são consideradas acima da crítica por muitas pessoas. ZH – Imaginar que não exista religião é uma questão supérflua? Dennett – Os Beatles já nos convidaram a imaginar isso. (O verso “Imagine… que não há religião também” é da canção Imagine, de John Lennon, e foi composta quando ele era ex-integrante dos Beatles.) Eu duvido que a religião vá simplesmente se extinguir. Penso que uma hipótese muito mais realista é que as religiões vão sobreviver se transformando em instituições mais aceitáveis. ZH – O escândalo de abusos sexuais na Igreja Católica seria diferente se tivesse ocorrido num contexto não-religioso? Dennett – Claro! Se, por exemplo, fosse descoberto que uma multinacional como a IBM, a Shell ou a General Motors tivessem acobertado esses crimes por seus empregados, os líderes dessas companhias estariam todos na prisão cumprindo longas penas. Penso que deveríamos julgar a Igreja Católica pelos mesmos padrões com que julgamos fabricantes de automóveis. No mínimo, deveríamos julgá-los por padrões elevados, uma vez que seus representantes têm tão extraordinárias posições de confiança. ZH – O cientista britânico Richard Dawkins propôs a prisão do papa Bento XVI por “crimes contra a humanidade” em razão de seu suposto acobertamento dos escândalos. Qual é a sua opinião sobre isso? Dennett – Creio que dificilmente será uma campanha bem-sucedida, mas aprovo-a de todo o coração. ZH – Fazer campanha pelo ateísmo com anúncios em ônibus, como ocorre na Grã-Bretanha, é correto? Não seria melhor manter o debate no campo acadêmico e cultural? Dennett –Religião não é apenas um fenômeno acadêmico. Creio que é muito saudável ter o público em geral informado sobre a variedade de opiniões sobre religião sustentadas por seus vizinhos e concidadãos. Os anúncios que vi eram de bom gosto, muitas vezes divertidos, leves. Eu os aprovo. Quem se sentir ofendido deveria ser submetido a algum tipo de ajuste de conduta. Não têm o direito de ter suas próprias opiniões mais respeitadas do que as opiniões de outros cidadãos. ZH – Há um grande número de cientistas efetivamente engajados no ateísmo militante. O historiador britânico Eric Hobsbawm escreveu que cientistas geralmente não se preocupam com questões políticas e filosóficas, a menos que percebam algum risco a seu próprio trabalho. O senhor acredita que é esse o caso atualmente? Dennett – Sim, cientistas têm coisas melhores a fazer com seu tempo e energia do que se engajar em atividades políticas em favor do ateísmo. Se pessoas que não acreditam em Deus mantivessem suas opiniões e práticas restritas a seus próprios grupos e não tentassem impô-las aos outros, não teríamos de nos engajar nesta atividade política. ZH – A obra de Darwin ainda é perigosa do ponto de vista religioso? Dennett – Não apenas do ponto de vista religioso. Há muitas pessoas na academia que não são religiosas no sentido tradicional mas que consideram a ideia da seleção natural profundamente repugnante. Isso as torna quase histericamente contrárias à aplicações do pensamento darwiniano em seus próprios campos. Isso pode se tornar perigoso. ZH – Qual será a situação da religião na metade deste século? Dennett – Se eu soubesse – se alguém soubesse –, não teria escrito meu livro, que apela por um novo estudo científico da religião, especialmente para nos dar uma fundação mais substancial na qual basear uma resposta a essa importante questão.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Biólogo Evolucionista Ernst Mayr e as 5 teses de Charles Darwin

O grande biólogo Ernst Mayr costumava dividir a obra de Darwin em cinco teses. 1. Evolução propriamente dita: Esta é a tese de que o seres vivos não são fixos e modificam-se ao longo do tempo. Basicamente é a idéia de descendência com modificação. 2. A ancestralidade comum. A tese de que cada grupo de organismos descende de um ancestral comum, e que todos os grupos de organismos, sejam eles animais, plantas e microorganismos, possuem uma única origem. 3.A multiplicação/divergência das espécies. Esta tese explica a origem da biodiversidade e depende da natureza variacional da evolução e dos fenômenos de especiação e ramificação das linhagens. 4.Gradualismo. De acordo com esta tese a mudança evolutiva ocorre através da mudança gradual das populações e não por saltos repentinos em que novos indivíduos surgem representando um tipo inteiramente diferente. 5.A seleção natural. Alguns crêem que esta é a tese mais original de Darwin e Wallace (ainda que outros indivíduos tenham proposto, em publicações obscuras e contextos muito particulares, mecanismos semelhantes), pois oferece um mecanismo para compreendermos a evolução adaptativa. Contudo, como disse antes, as duas primeiras são as teses realmente essenciais e a seleção natural é o princípio que melhor explica o processo de adaptação. Essas seriam as teses mais gerais e com maior profundidade, as demais constituiriam detalhes (alguns muito importantes e ainda muito pouco compreendidos) sobre como o processo se dá e sobre os detalhes da "árvore da vida".